domingo, 3 de maio de 2009

Público ou crítica: o que um escritor deve objetivar?

Ernesto Sabato disse que "os best-sellers estão para a literatura como a prostituição está para o amor". Não concordo. É claro que vendagens não indicam bons escritores: vejam os Paulos Coelhos e os Dan Browns da vida. Por outro lado, muitos grandes autores permaneceram desconhecidos ou com talento não reconhecido antes de morrer: tomemos como exemplos Franz Kafka e Nelson Rodrigues.
Mas também não se pode generalizar: há autores de best-sellers que realmente são bons autores. Exemplos: Khaled Hosseini e Thrity Umrigar. Ambos são sucessos de público e de crítica. Outro dia, li num determinado blog uma crítica veemente ao Caçador de Pipas, de Hosseini. Tudo bem: por mais que eu goste do livro, ele não é inatacável. Mas o blogueiro apenas se limitou a dizer que best-sellers e obras-primas eram coisas completamente distintas, disse que depois do episódio de 11 de setembro era esperado que um autor afegão se levantasse e defendesse o seu país, ficou repetindo que êxitos de tiragens eram livros ruins... mas não disse afinal porque não gostara do livro. Uma crítica mal-feita que, não fosse por um ou outro trecho do livro apontado no blog, eu desconfiaria que o tal crítico sequer o leu.
Isabel Allende emitiu a seguinte opinião a respeito do livro:" Esta é uma daquelas histórias inesquecíveis, que permanecem na nossa memória por anos a fio. Todos os grandes temas da literatura e da vida são o material com que é tecido esse romance extraordinário: amor, honra, culpa, medo, redenção." Prova de que nem todo autor de sucesso junto ao povo é criticado. Outros exemplos disso seriam Erico Verissimo, Jorge Amado e, mais recentemente, Paulo Lins e Ignácio de Loyola Brandão.
Thrity Umrigar, a escritora indiana que citei no início, embora não tenha a fama de Hosseini, é sem sombra de dúvida, autora de peso comercial e, mais importante, literário. A sua única obra que li, "A Distância entre Nós", é maravilhoso, e retrata muito bem a Índia contemporânea, permitindo-nos conhecer a sua cultura bem melhor do que pela novela Caminho das Índias (que, aliás, assistindo um ou outro capítulo, já notei que várias das personagens tiveram seus nomes surrupiados de "ADeN").
Por fim, Goethe, autor de talento inquestionável, disse que "aquele que não deseja ter um milhão de leitores não deveria escrever uma linha sequer".

Um comentário:

  1. Nossa como você escreve bem!!!
    Muito bom seu dois textos!!!
    Parabéns muito bom mesmo!!!!

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